Transportar o futuro exige mais do que logística; exige precisão, expertise e um compromisso inabalável com a excelência. O Supercomputador Santos Dumont (SD24), um dos mais poderosos do mundo, foi um desses desafios que nos encheram de orgulho. Hoje, vamos te levar por dentro do processo de transporte dessa carga de magnitude extraordinária, mostrando como cada etapa foi cuidadosamente planejada e executada, desde Angers, na França, onde os novos equipamentos foram fabricados no Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), em Petrópolis (RJ), onde fica o supercomputador.
Tudo começou com um planejamento minucioso para o transporte com absoluta segurança dos equipamentos sensíveis e de alto valor tecnológico para a atualização do supercomputador Santos Dumont. Para atender todas as especificidades da carga de US$ 19,4 milhões e as exigências do seguro internacional contratado, começamos a planejar e trabalhar na logística de importação e transporte das cerca de 20 toneladas de equipamentos, em janeiro de 2024.
O primeiro passo foi a avaliação técnica. Nossa equipe especializada em cargas projeto analisou as dimensões, o peso e as especificações técnicas do supercomputador. Com isso, definimos o tipo de embalagem necessária para proteger cada componente durante o transporte. Materiais antivibração, caixas especiais e sistemas de amortecimento foram utilizados para garantir que nenhum impacto ou movimento brusco afetasse o equipamento.
Em seguida, veio a etapa de roteirização e escolha do modal. Dada a sensibilidade da carga, optamos por um transporte terrestre com veículos adaptados, equipados com sistemas de monitoramento em tempo real para controlar temperatura, umidade e vibrações. Cada quilômetro foi planejado para evitar rotas com trechos irregulares ou riscos de atrasos.
Quando a carga foi liberada pela empresa Eviden, linha de negócios líder do Grupo Atos em computação avançada, que fica na França e desenvolveu o supercomputador Santos Dumont, todo o processo para importação e transporte já estava planejado.

Viagem dos equipamentos da França para o Brasil
E, no dia 05 de novembro de 2024, nossos diretores, Valeria Barbosa e Thiago Amorim, viajaram para Angers, na França, para despacharem a mercadoria. Lá, eles revisaram a documentação para que quando chegasse a hora de liberação alfandegaria junto à Receita Federal estivesse tudo correto, assim como verificaram as embalagens antes do embarque na origem para que não desse problemas e gerasse atrasos na vistoria do Ministério da Agricultura e Pecuária, bem como todas as certidões para liberação junto a Secretaria de Fazenda do Rio de Janeiro (SEFAZ). A análise de todos os documentos é primordial para que nenhuma etapa do processo seja comprometida, por isso fomos monitorar pessoalmente toda operação de liberação da mercadoria pela empresa.
Foi nesse processo que encontramos um dos obstáculos enfrentados nesse trabalho, mas conseguimos coletar a carga na fábrica no mesmo dia em que ela ficou disponível para chegar em tempo de despachar no aeroporto de Paris, uma distância de quatro horas de viagem.
E o receio de perder o voo contratado tinha razão de ser, pois não há mais aeronaves cargueiras fazendo transportes de Paris para o Rio de Janeiro. A solução foi conseguir uma aeronave que tivesse disponibilidade de trazer a carga, que tem um seguro internacional exigente e não pode ter escalas, precisa ter voo direto. Além disso, a mercadoria não podia ser empilhada para não haver danos. A escolha do Boeing 767 pela Amerijet International como avião de transporte foi estratégica, tendo em vista a necessidade de um voo charter com capacidade para grandes volumes e alta tecnologia.
O voo decolou do Aeroporto de Paris Charles de Gaulle na manhã de 10 de novembro de 2024, e chegou ao RIOgaleão Cargas na madrugada de 11 de novembro. Representantes das empresas envolvidas na importação dos equipamentos receberam a mercadoria no local. Durante todo o dia, nossa equipe trabalhou na libertação da carga junto a Alfândega Brasileira, Ministério da Agricultura e Pecuária e demais órgãos e conseguiu a resposta positiva no final do mesmo dia.

Transporte para Petrópolis
O transporte dos volumes para Petrópolis, na manhã do dia 12 de novembro de 2024, foi realizado por um comboio, composto por três caminhões pneumáticos, três carros de escolta e dois veículos de apoio para empilhadeiras.
Durante o trajeto, nossa central de monitoramento trabalhou 24 horas para acompanhar a localização e as condições da carga. Qualquer variação fora dos parâmetros estabelecidos seria imediatamente identificada e corrigida. A segurança do SD24 era nossa prioridade máxima.
Entregamos com segurança os equipamentos do supercomputador Santos Dumont, cooperando para que ele se tornasse o maior da América Latina, contribuindo para as pesquisas científicas e tecnológicas.
Depois de 11 meses de trabalho, os equipamentos foram entregues ao destino, no dia 12 de novembro de 2024. Com os novos equipamentos, o supercomputador Santos Dumont se tornou o mais poderoso da América Latina e ocupa a posição 89 na lista do TOP500, que classifica os supercomputadores do mundo.

O Santos Dumont: um marco tecnológico
O Supercomputador Santos Dumont não é apenas uma máquina; é um símbolo de progresso. Com sua capacidade expandida para 17 petaflops (e pico de 20 petaflops), ele se tornou o 89º mais poderoso do mundo e o mais eficiente da América Latina, segundo o ranking TOP500 Green. Essa atualização, fruto de uma cooperação de US$ 19,4 milhões com a Petrobras, quadruplicou sua capacidade de processamento, permitindo que cientistas brasileiros acelerem descobertas em áreas como saúde, agronegócio e sustentabilidade.
A expansão foi possível graças a um novo contrato entre o LNCC e a Eviden, empresa do Grupo Atos especializada em computação avançada. Baseada na arquitetura BullSequana XH3000, a atualização permitirá que o Santos Dumont atenda a demandas tecnológicas cada vez mais complexas, como simulações de sistemas naturais e artificiais, análises de dados em larga escala e treinamento de sistemas de inteligência artificial sofisticados.
Impacto científico e social
O Santos Dumont já desempenhou um papel crucial em pesquisas de ponta, como no sequenciamento do coronavírus durante a pandemia de Covid-19. Ele também tem sido utilizado em estudos sobre tratamentos farmacológicos, análises genômicas relacionadas ao câncer e pesquisas em mudanças climáticas.
De acordo com Antonio Tadeu Gomes, tecnologista e coordenador do Comitê Gestor do Supercomputador, a expansão permite:
• Atender um número maior de projetos simultaneamente;
• Executar simulações de maior complexidade;
• Analisar volumes de dados ainda maiores;
• Treinar sistemas de IA mais avançados.
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